Meus dias andavam tristes e sem nenhuma ou completa falta de inspiração, já que mergulhada na tristeza e na espera de notícias. A cada relato da saúde da minha vó, eu me escondia mais ainda dentro da imensidão dos meus sentimentos. Não sei agora, se isso é possível, metaforicamente falando era o que estava sentindo. Um mix de pensamentos e todos me levavam há um único lugar "a casa da minha vó". Ao contrário de muitas crianças e adolescentes que em férias viajavam ou passeavam, estimulando novos olhares e explorando novos lugares e ao retorno trazendo novidades. Eu e meu irmão pouquíssimas vezes passamos por isso, para nossa sorte passamos todos esses longos anos na "casa da minha vó", "no quintal da minha vó", "brincava na rua da minha vó". Em resumo, vivemos intensamente e presencialmente "a minha vó". E foram momentos maravilhosos, que agora todos vêm a tona e como passou rápido...
Ela era única, pois os outros avós eu não tive contato por terem morrido cedo. Guardo alguma lembrança do meu vô, enquanto eu pequena dormia entre os dois, ou quando ele arrumava minha sombrinha, ou tocava o violão. Por um acaso, no dia da sua morte a entrada do hospital foi liberada para a visita das crianças, e lá estava eu vendo meu vô na cama prestes a partir. Não era para menos, minha vó ficou neste mesmo hospital até sua partida, porém ao contrário não estive lá para despedir. Meu último contato com ela foi exatamente há um ano atrás, quando estava em BH para despedir do pessoal porque viria no mês seguinte para Alemanha. Ela me desejou muita sorte e ficou a promessa de me esperar para seu aniver de 90 anos em Janeiro. Acreditei nisso, tanto que comprei até uma vela linda de 90 anos. Pena!!
Ela foi ficando fraquinha e doentinha e a promessa foi ficando cada vez mais complicada. A gente sempre comentava que "quando ela morresse seria como um passarinho..", aff!! Ela sofreu muito. E foi perseverante e forte também. Sim, ela era forte, alegre, engraçada, franca, critica, protetora, apaziguadora, diplomata, negociadora, observadora e acima de tudo correta. Meu exemplo.
Ontem ela deixou de lutar contra tudo e rendeu-se ao fim de um ciclo. Ela era tão especial que despediu-se da vida terrena numa primavera de céu azul, flores e pássaros, onde a liberdade e leveza são as premissas dessa estação e aqui dentro de mim no outono, onde a maturidade chega ao seu ápice e pela janela vejo cada ciclo de vida vegetal caindo das árvores e balançando no ar até tocar no chão.
Desejo que ela seja feliz em algum lugar que esteja e que continue olhando por nós aqui. E principalmente continue coçando minha cabeça em seu colo, até eu pegar no sono. O amor que eu tenho por ela e pela minha família são os maiores bens de um ser humano. Pena, que tem pessoas que descobrem isso um pouco tarde, graças a Deus eu vivo e convivo com essa divindade.
Talvez algum dia as coisas se encaixam novamente....
Minha vó sempre será o canto dos passáros para mim....
Minha vó sempre será o canto dos passáros para mim....
Lindo o seu post! Muita força tá? Beijos
ResponderExcluirBrigaduuuuuu Lari. Vai passar questão de tempo..
ExcluirBjocas e vmos nos ver esta semana, ok? Mande msg depois la no face.
Ate.
Abraco bem forte :-/ Tem certas pessoas que deviam permanecer sempre perto da gente, nao? Mas nao é possível - entao elas continuam vivas dentro do nosso coracao, com muito amor. Mas dá uma saudades!
ResponderExcluirBeijo grande, Angie
Ely eu sinto muito, muito mesmo. :(
ResponderExcluirMeu maior medo por viver aqui na Alemanha é exatamente esse, perder minhas pessoas mais preciosas e nao ter estado lá para um último abraço, um último beijo.
Muita força pra vc!!
Beijos!!